sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pulsações



Um sopro de vida, com o subtítulo Pulsações é uma das três obras póstumas de Clarice Lispector, traduzindo perfeitamente a metafísica e movimento que são clássicos a autora em todas as obras.
Clarice é aquele tipo de autor que vai penetrando pouco a pouco no peito. A leitura de Clarice não é, de forma alguma, fácil ou rápida, ela é árdua, trabalhosa e não há quem consiga ler Clarice em poucos dias. Demora-se a pegar a essência das frases, como ela mesmo cita na obra " cada frase é um clímax". A essência do movimento, toda a metafisica envolvida, a personagem (Ângela Praline) a espreita do momento certo para entrar em cena, os sentimentos difusos e intercalados das duas, características primeiras de qualquer obra de Lispector.
Clarice não é uma leitura que te dá um tapa na cara com um choque de realidade, Clarice é muito mais. Ela é aquele texto que entra ínfimo no peito, que te enche de uma profunda tristeza e agonia. Clarice expõe no papel as dores do mundo, as dores sentimentais tão universalizadas que é impossível resistir.
Ontológica como de costume, em Um sopro de vida nada mais é do que a expressão clássica de Lispector: um labirinto de sentimentos, cosendo saídas a todo instante e as descosturando. Clarice é poesia pura, mas a poesia de um modo duro, quase tangível de tanta realidade, tais universalizados são os sentimentos.
Aos ávidos e aos desavisados, Clarice não é literatura lazer, é metafísica pura, de dificil compreensão. Para quem ficou desanimado depois do aviso, boas notícias: não é literatura obrigatória na UFSM, UFRGS, USP, UNICAMP, UFRJ ou mesmo no ensino médio.

Um comentário:

Alessandro disse...

Realmente Clarice Lispector é uma leitura para aqueles que sabem lê-la, não é para todos. Ótima análise. Um ótimo primeiro post sobre literatura, tenho certeza de que os próximos continuarão no mesmo nível!