Estou eu extasiado a te admirar, olhar-te, observar-te, eu
estaria a notar os teus detalhes, olhos, boca, o molhar dos lábios, as lagrimas
que não caem.
Não fosse eu tão apático e trágico, ter-te-ia mais perto
a mim, seria eu ladrão dos teus beijos, algoz furtador do teu ar, respira o mínimo
possível, sorrindo sem soltar os lábios teus da minha boca.
As incompreensivas extremidades dos meus dedos a tatear nua
pele em busca dos calafrios, do sabor morno do teu pescoço, do pulsar acelerado
do sangue quente sob a branca e polida obsessão dos olhos meus, sempre a
desenhar a próxima letra do teu romance sem fim.
Se fosse eu o assassino frio da minha covardia, se fosse
eu o carrasco das minhas angustias, ter-te-ia sob o sol do entardecer voando
alto em meus braços, e algum sal pra dourar a carne, algum grato coração,
vermelho, quente, delirante parte em minhas mãos parte em minha boca.
Sempre respiro fundo quando estou próximo, cheirar-te,
desejar-te, quero aprender o seu caminho pra casa... segurar sua mão e correr
sem parar.
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