terça-feira, 15 de março de 2011

Estranho que para esse papo de religião, eu sempre fui super decidida. Fui contra os dogmas tradicionais e contra as crenças da minha família e amigos, ainda criança. Hoje, mais madura e com um pouco mais de experiência, nem tanta quanto o necessário, vejo o quanto é mais fácil e reconfortante pensar em Deus como um pai grande, com mãos gigantes e aquela barba de bom velhinho, do que pensar em Deus como uma energia presente em todas as coisas.

A energia continua sendo a minha opção, acho que é ela que rege todo o universo, com seus animais, pessoas e plantas. Mas, pensar em uma figura de pai, com todo aquele conforto é pelo menos um alivio para a carência.

Acabo de desligar o telefone, e alguém repetindo e repetindo, como eu sou abençoada. Eu sei disso, sempre soube (presunção da minha parte, é verdade). Estou reclamando de que? O que me falta? O que eu quero ser? Ah, perguntas sem respostas que eu já parei de me fazer, antes que algo pior aconteça. E eu fico me sentindo ameaçada, como se mudar desse meu estado de perfeição fosse como quebrar o núcleo do átomo.

Clarice Lispector dizia que até cortar os defeitos pode ser perigoso, nunca sabemos qual é o defeito que sustenta o edifício inteiro. Bom, acho que nessa busca por me tornar alguém melhor, acabei acreditando que era alguém pior, e me perdi no caminho.

Não sei qual rumo tomar, não me interessa o que esperam de mim, eu me perdi e quero me encontrar... Onde? Para qual lado? Pior é tudo é saber que talvez eu tenha me fragmentado por ai, me perdido de vez...

E essa insegurança que não vai embora? E os medos bobos de arriscar algo que não se tem? E a vergonha que me amarra as mãos e me fecha a boca? E isso tudo que eu sinto em milésimos de segundo e escondo num sorriso sem graça? E tudo que eu penso e ninguém sabe? Tudo que ninguém vê sobre mim...

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