sexta-feira, 1 de abril de 2011

Indignação

Quando Gonçalves Dias foi exilado, lógico que ele sentiu mais do que falta do Brasil. E em nenhum momento, se é que não me falha a memória, Dias referiu se com revolta a isso tudo. Demonstrando apenas uma profunda tristeza interior, escreveu declarações de amor à pátria, como Canção do exílio, que eternizaram na boca de brasileiros de muitas gerações, um clímax para qualquer autor. Mas o propósito contrario a popularidade era tentar refletir ou entender o profundo pesar. Pesar, acho que o adjetivo é esse: ato de sentir arrependimento, condolência, dó, dor, luto, mágoa, ou entristecer-se profundamente. Em outras palavras pesar é fechar a alma à outra coisa que não seja o próprio sentimento de lamentação. Mais ou menos assim como estou me sentindo hoje.

Desde sempre a sociedade vem lutando contra a cultura, contra o conhecimento. Queimam livros, exilam escritores, vetam verbas para escolas, não disponibilizam oportunidades. Nem o governo falhando com a estrutura, nem o povo falhando no interesse vai sanar essa divida cultural que o ser humano tem consigo mesmo. Jamais, a não o próprio ser, vai ser convencido da necessidade do conhecimento e da cultura, sejam eles específicos ou não.

Claro que quando o mercado começou a pedir mais e mais conhecimentos, quando o padrão para conseguir um emprego solicitava mais cursos, mais formação, os indivíduos buscaram incansavelmente o (pasmem!) diploma. Infelizmente, as pessoas se concentram apenas no esperado e no previsível: diploma, agilidade e simpatia. Onde ficam o dinamismo, a cultura, chamado conhecimento inútil que faz de nós pessoas agradáveis e capazes de conversar em qualquer classe social, qualquer lugar do país ou até do mundo?

Quando até o maior cargo político do Brasil é ocupado por alguém com ensino fundamental, qual é o incentivo? Longe de mim criticar um dos melhores governos brasileiros, mas a questão aqui é: quem vai incentivar? Quem vai fazer esse monte de jovens desinteressados e preocupados em computadores, namoros, festas e vídeo games que cultura é tão importante quanto a fórmula de baskara? Ai, quem me dera que no meio dessas votações federais para projetos inúteis e sem cabimento, tivesse alguma para instituir conhecimentos gerais ou cultura no currículo! Mas claro que isso não vai acontecer, os altos salários do plenário não permitem. Enquanto isso depende de cada um chegar até o ponto onde julga necessário. Como se houvesse um.

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